O desconhecido íntimo: uma reflexão sobre o infantil, a psicanálise e a educação
RESUMO O presente artigo problematiza psicanalítica e filosoficamente os discursos afirmativos sobre a infância, os quais, partindo da suposta condição de in-fans, têm se limitado a falar sobre e pela criança, além de defini-la, diagnosticá-la, patologizá-la e medicá-la. Para tanto, recupera a noção freudiana de infantil não como condição circunscrita a uma fase cronológica do desenvolvimento humano e sim como o amálgama das experiências arcaicas estruturantes do inconsciente, a partir das quais desdobram-se até mesmo os modos determinantes de relação com o semelhante. Tal premissa produz implicações importantes no campo educativo, uma vez que exige tanto um educador advertido da existência desse infantil em si mesmo e no outro como dos limites de seu saber sobre a criança e a infância, consequentemente, uma atenção maior acerca das (im)possibilidades do educar.